Investidores Buscam Startups na Fronteira da Tecnologia Espacial
Investidores Buscam Startups na Fronteira da Tecnologia Espacial 3

Investidores Buscam Inovações em Startups de Tecnologia Espacial

Nos últimos tempos, investidores interessados em startups que atuam na vanguarda da tecnologia têm ampliado suas buscas para terrenos desconhecidos, tanto literal quanto figurativamente. Um exemplo recente é a startup Karman+, que tem o objetivo de desenvolver espaçonaves autônomas para viajar até asteroides e minerá-los em busca de materiais. A empresa conseguiu levantar US$ 20 milhões em uma rodada inicial de investimento, recurso que será utilizado para avançar em seu desenvolvimento de hardware e software.

A meta inicial da Karman+ é bastante audaciosa: construir uma embarcação capaz de viajar até asteroides localizados a milhões de milhas de distância, minerá-los, extrair água do material chamado rególito e, em seguida, retornar à órbita da Terra para utilizar essa água como combustível para reabastecer rebocadores espaciais e propulsão de satélites envelhecidos, prolongando sua vida útil.

Além disso, a Karman+ vê oportunidades futuras de contribuir com a extração de metais raros e outros materiais, ajudando a desenvolver um ecossistema de manufatura espacial mais amplo, que complemente ou diminua a necessidade de atividades na Terra.

Parece coisa de ficção científica (e realmente é, já que a mineração de asteroides foi um tema central no livro “2312”, vencedor do Prêmio Nebula em 2013). No entanto, a equipe acredita que, graças aos avanços em tecnologia autônoma e exploração espacial, além do seu trabalho na construção de espaçonaves com componentes padronizados, está mais próxima de realizar seu objetivo do que se poderia imaginar.

De acordo com a Karman+, as missões poderiam ser realizadas por cerca de US$ 10 milhões, comparado aos mais de US$ 1 bilhão gastos até agora em missões de exploração de asteroides. A empresa estima que o potencial do mercado de reabastecimento poderia valer bilhões de dólares anuais.

A equipe planeja realizar seu primeiro lançamento em 2027.

A Startup Karman+ e Seus Fundadores

A Karman+, com sede em Denver, Colorado, possui raízes na Holanda, por meio de seu cofundador e CEO Teun van den Dries. Foi essa conexão europeia que ajudou a Karman+ a encontrar investidores dispostos a financiar sua jornada. O grupo de investidores liderado pelas empresas Plural, com sede em Londres, e Hummingbird, com sede em Antuérpia, também conta com a participação da HCVC, fundada em Paris, Kevin Mahaffey da Lookout, além de outros investidores-anjo e do próprio Van den Dries.

O nome Karman+ foi inspirado na Linha de Karman, que define onde termina a atmosfera da Terra e onde começa o espaço. Essa referência também se alinha à maneira como Van den Dries abordou a ideia de fundar a empresa ao lado de Daynan Crull.

Divulgação: Karman+

Os dois trabalharam juntos em uma startup de dados imobiliários chamada GeoPhy, que foi adquirida por US$ 290 milhões em 2022. Após a aquisição, Van den Dries começou a reavaliar suas prioridades de carreira.

Ele se descreve como um “nerd de ficção científica” que estudou engenharia aeroespacial na faculdade, embora não tenha trabalhado nessa área. Em vez disso, ele tem se dedicado a construir empresas de SaaS nos últimos 20 anos.

“Dois anos atrás, cheguei a um ponto de inflexão”, recorda. “Posso continuar fazendo o que faço na otimização de SaaS por mais cinco anos e o negócio provavelmente será muito maior e mais valioso. Ou posso dedicar tempo e energia a algo que acredito que terá um impacto muito maior.”

Nova Visão para o Mercado Espacial

Junto a Crull, que se formou como cientista de dados e agora atua como arquiteto de missões para a Karman+, Van den Dries direcionou seu foco para o setor espacial. “Eu queria algo que estivesse subinvestido”, afirma sobre o mercado espacial, o que descartou a fusão, que também havia considerado. Startups que trabalham com tecnologia de fusão já arrecadaram mais de US$ 5 bilhões em financiamento, segundo dados da Dealroom.

A mineração de asteroides, embora nova, representa também uma potencial eficiência de custos, já que, tipicamente, organizações que desejam realizar atividades no espaço precisam lançar todos os componentes da Terra, o que é extremamente caro.

“A beleza dos asteroides é que eles estão na órbita correta. É o lugar mais fácil, barato e rápido para obter recursos, especialmente se comparado à Lua, e também em relação ao lançamento de tudo a partir da Terra. A chave é ser capaz de fornecer materiais a preços atrativos, para começar a construir um sistema que possibilite realizar atividades que hoje simplesmente não podemos.”

Outras startups, como a AstroForge, também estão tentando entrar nesse mercado de mineração de asteroides. No entanto, isso é muito mais fácil de dizer do que fazer. Várias variáveis precisam se alinhar para que a Karman+ consiga alcançar a primeira fase de seu plano.

A espaçonave da startup ainda não foi concluída, e muito menos testada. Apesar da crença dos fundadores de que podem reduzir os custos para cerca de US$ 10 milhões, as missões de exploração de asteroides até agora foram realizadas apenas em algumas ocasiões, por equipes da NASA e uma vez por uma equipe japonesa, com custos altíssimos, superando os US$ 1 bilhão em apenas uma missão da NASA.

Ademais, os asteroides, que orbitam o sol, são alvos em movimento e, a menos que as circunstâncias estejam a favor, não estão próximos da Terra. Essa página da NASA acompanha as aproximações mais próximas desses corpos celestes, que variam em tamanho e podem chegar a ser tão grandes quanto prédios, e nota distâncias a partir da Terra de centenas de milhares e até milhões de milhas.

Há também questões a serem resolvidas com relação aos próprios satélites. A premissa da extração da Karman+ é que pode ser utilizada para reabastecimento, mas na realidade, nem todos os satélites utilizam hidrogênio e oxigênio (energia solar e baterias também são utilizadas). O reabastecimento em si é um problema que ainda não foi totalmente resolvido e parece haver outras abordagens em jogo.

Além disso, a Karman+ enfrenta um desafio um pouco mais comum: precisará levantar mais recursos para se aproximar do lançamento da sua missão.

No entanto, isso não é algo que a Karman+ ou seus investidores considerem neste momento, optando por progredir em suas ambições um passo de cada vez.
“Entrei nessa conversa de forma bastante cética, e uma coisa que percebi é que os fundadores também abordaram isso com ceticismo”, comentou Sten Tamkivi, parceiro da Plural. O ceticismo atua como um controle, e Tamkivi acredita que isso ajudará a equipe a permanecer realista à medida que avançam. Isso lhe deu confiança para investir nessa ideia (literalmente) tão distante.

“Acho que vemos muito mais o conceito de ‘YOLO’ no mundo do software”, acrescentou. “As pessoas presumem que já tudo foi construído e, portanto, vão em frente, resolvendo os problemas após. Os profissionais do espaço fazem planos detalhados. Há muitas informações que podem ser revisadas, aprofundadas e discutidas com terceiros.”

FAQ

Qual é o objetivo da startup Karman+?

A Karman+ tem como principal objetivo desenvolver espaçonaves autônomas capazes de viajar até asteroides, minerá-los em busca de materiais, e retornar à órbita da Terra. Esse projeto visa utilizar os recursos extraídos, como água do rególito, para reabastecer rebocadores espaciais e propulsão de satélites, prolongando sua vida útil. A empresa aposta que a mineração de asteroides se tornará uma atividade viável e sustentável no futuro próximo.

Quais são as principais inovações da Karman+?

As inovações da Karman+ incluem a construção de espaçonaves autônomas que utilizam tecnologia avançada para exploração espacial. A ideia é criar um sistema de transporte e extração que reduza significativamente os custos, possibilitando missões no espaço por cerca de US$ 10 milhões, em comparação com os mais de US$ 1 bilhão gastos em experiências passadas. Isso demonstra como a startup está focada em otimizar processos através de tecnologia e operações eficientes.

Quem fundou a Karman+ e onde está situada?

Karman+ foi fundada por Teun van den Dries e Daynan Crull, com sede em Denver, Colorado. Van den Dries tem raízes na Holanda e, junto com Crull, trouxe experiência prévia da startup GeoPhy, que foi adquirida por US$ 290 milhões. A habilidade e a visão deles para o setor espacial foram cruciais para formar uma equipe forte em busca de investimentos e inovações no campo da tecnologia espacial.

Qual é a visão de longo prazo da Karman+?

A visão de longo prazo da Karman+ é promover um ecossistema de manufatura espacial, que não só auxilie na mineração de asteroides, mas também diminua a dependência de atividades na Terra. A empresa enxerga a extração de materiais raros e água como uma oportunidade de transformar a indústria espacial, tornando-a mais autossustentável e inovadora, criando um impacto significativo no futuro da exploração espacial.

Quando está previsto o primeiro lançamento da Karman+?

O primeiro lançamento da Karman+ está previsto para acontecer em 2027. Essa data marca um passo crucial na jornada da startup, que está na fase de desenvolvimento de seu hardware e software para a construção de suas espaçonaves. O cumprimento desse cronograma dependerá do avanço contínuo no financiamento e na tecnologia necessária para a realização das missões espaciais planejadas.

Qual é o papel da água extraída do rególito nas missões da Karman+?

A água extraída do rególito nos asteroides terá um papel fundamental como combustível para reabastecer rebocadores espaciais e prolongar a vida útil de satélites. A utilização dessa água não apenas contribui para a sustentabilidade das operações espaciais, mas também facilita a execução de atividades que, de outra forma, seriam bastante caras e difíceis utilizando apenas recursos provenientes da Terra.

Como a Karman+ pretende garantir a viabilidade econômica de suas operações?

A Karman+ está focada em reduzir os custos de suas missões para cerca de US$ 10 milhões. Isso é significativamente menor do que os gastos de missões anteriores, que ultrapassaram US$ 1 bilhão. Além disso, a startup vê um potencial de mercado no reabastecimento espacial que pode valer bilhões de dólares anualmente, sugerindo um caminho claro e viável para tornar suas operações economicamente sustentáveis.

Quais são os desafios que a Karman+ enfrenta atualmente?

Atualmente, a Karman+ enfrenta desafios como a necessidade de levantar mais recursos financeiros para o avanço de seus projetos, além de garantir que sua espaçonave completa e opera adequadamente. Além disso, as complexidades da mineração de asteroides, como a necessidade de alinhar várias variáveis e a incerteza em relação ao movimento dos asteroides, também representam obstáculos a serem superados no processo de desenvolvimento de missões bem-sucedidas.

Por que a Karman+ considera a mineração de asteroides uma área promissora?

A Karman+ considera a mineração de asteroides promissora porque oferece uma maneira mais eficiente e econômica de obter recursos que atualmente são lançados da Terra, que tem um custo altíssimo. A proximidade dos asteroides em suas órbitas, combinada com a crescente viabilidade de tecnologia autônoma, posiciona a startup como uma potencial líder nessa nova área na exploração espacial, ancorando sua crença em resultados práticos e acessíveis.

Como o ceticismo dos investidores impacta a Karman+?

O ceticismo dos investidores, como Sten Tamkivi da Plural, é visto como um controle positivo que ajuda a Karman+ a manter Realismo em suas ambições. Esse ceticismo encoraja os fundadores a desenvolver planos detalhados e a abordar seus desafios com uma mentalidade prática, o que, segundo Tamkivi, pode ser um diferencial em um espaço onde muitas ideias são impulsivas, especialmente. Isso destaca a abordagem cautelosa e bem fundamentada que a Karman+ está adotando em sua jornada.

Com informações: TechCrunch

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