
Artistas se Opoem à Exposição com Obras Feitas com IA na Christie’s, Mas Evento Surpreende
Quase 6.500 artistas assinaram uma carta aberta pedindo que a casa de leilões Christie’s cancelasse sua primeira exposição de IA, alegando que muitas das obras foram geradas a partir de conteúdo protegido por direitos autorais. No entanto, o evento chamado Augmented Intelligence ocorreu mesmo assim e, para surpresa de muitos, superou todas as expectativas.
Resultados da Exposição Augmented Intelligence
Segundo a Christie’s, a exposição arrecadou US$ 728.784, R$ 4.195.068,04 no dia de hoje, com diversas obras sendo vendidas por valores acima das estimativas. O grande destaque foi a peça Machine Hallucinations — ISS Dreams — A, do artista Refik Anadol. A obra, que recria algoritmicamente dados da Estação Espacial Internacional, foi vendida por impressionantes US$ 277.200, superando a estimativa inicial de US$ 150.000 a US$ 200.000.

Outras obras notáveis incluíram Embedding Study 1 & 2, da dupla Holly Herndon e Mat Dryhurst, que apareceu anteriormente na Bienal do Whitney de 2024 e foi vendida por US$ 94.500, acima da estimativa máxima. Também chamou atenção a peça daughter, da artista Claire Silver, um NFT resultante de experimentações com IA, que foi arrematado por US$ 44.100, ultrapassando sua estimativa mínima.

Além disso, artistas pioneiros da arte digital, como Charles Csuri e Harold Cohen, tiveram suas obras vendidas por valores significativos. Uma das icônicas B-spline drawings de Csuri, datada de 1966, foi arrematada por US$ 50.400, enquanto uma criação de AARON, o famoso programa de Cohen desenvolvido em 1987, foi vendida por US$ 11.340.

Apesar do sucesso financeiro, nem todas as 34 obras encontraram compradores. Artistas como Botto, Jake Elwes e Pinder Van Arman tiveram suas peças não vendidas, revelando que, embora a IA esteja se consolidando no mercado de arte, ainda há resistência por parte de alguns colecionadores.
O Que Diz a Christie’s Sobre a Polêmica?
A vice-presidente e diretora de vendas de arte digital da Christie’s, Nicole Sales Giles, afirmou que o sucesso do evento “confirmou que colecionadores reconhecem vozes criativas que expandem os limites da arte“. Ela ainda ressaltou o impacto transformador da inteligência artificial na criação artística, defendendo sua relevância no mercado.
Outro fator interessante foi a participação de novos e jovens compradores. Segundo a Christie’s, 37% dos licitantes eram novatos na casa de leilões, e quase metade era composta por Millennials e Gen Z. Esse dado mostra um interesse crescente das novas gerações pela arte digital e o impacto da tecnologia nesse mercado.
A Controvérsia: IA e Direitos Autorais
A exposição, no entanto, não foi isenta de controvérsias. Em 8 de fevereiro de 2025, um grupo de artistas assinou uma carta aberta pedindo o cancelamento da venda, alegando que muitas das obras foram criadas utilizando modelos de IA treinados com conteúdo protegido por direitos autorais sem licença. Segundo o documento, a Christie’s estaria contribuindo para a “apropriação indevida em massa” do trabalho de artistas humanos.
A casa de leilões respondeu que os artistas envolvidos adotaram práticas éticas e transparentes no uso da IA. Um porta-voz da Christie’s declarou que as obras da exposição “usam a inteligência artificial para aprimorar seus corpos de trabalho, e não como um substituto para a criatividade humana”.
Além disso, alguns artistas da própria exposição saíram em defesa do evento. Mat Dryhurst alertou sobre os riscos de demonizar a IA como um todo, argumentando que isso “simplifica demais questões complexas sobre como a cultura evolui”. Já a artista Sasha Stiles, que vendeu a peça Words Can Communicate Beyond Words, apontou que o debate deveria focar em redefinir nossa compreensão de criatividade na era da IA, em vez de simplesmente rotular tudo como roubo.
O Futuro da Arte e da IA
A polêmica em torno da exposição Augmented Intelligence evidencia um embate crescente entre inovação e tradição no mercado de arte. Enquanto a IA abre novas portas para experimentação e criação, o uso de obras preexistentes para treinar modelos sem consentimento levanta preocupações legítimas sobre propriedade intelectual e direitos autorais.
Por outro lado, há uma nova geração de colecionadores que vê na IA um potencial criativo inexplorado. O fato de quase 40% dos compradores serem estreantes na Christie’s indica que a arte digital está conquistando espaço no mercado tradicional.
Diante desse cenário, a tendência é que o setor precise criar novas regulamentações e práticas para equilibrar inovação e proteção aos artistas. Como declarou Nicole Sales Giles, “essas conversas são essenciais para garantir que a arte continue a prosperar no mundo digital”.
A tecnologia não substituirá os artistas, mas seu papel na arte contemporânea está cada vez mais consolidado. O verdadeiro desafio será definir como criatividade humana e inteligência artificial podem coexistir de forma ética e sustentável.
FAQ
Por que artistas se opuseram à exposição de obras de inteligência artificial na Christie’s?
Quase 6.500 artistas assinaram uma carta aberta pedindo o cancelamento da exposição dedicada a obras criadas com inteligência artificial. Eles acreditam que essas obras foram geradas por modelos que utilizam trabalhos protegidos por direitos autorais sem a devida licença, o que representa uma exploração dos criadores humanos.
Qual foi o resultado financeiro da exposição chamada Augmented Intelligence?
A exposição Augmented Intelligence arrecadou mais de 700000. Muitas obras se venderam por preços além das estimativas mais altas, destacando-se a pintura Machine Hallucinations — ISS Dreams — A, de Refik Anadol, que alcançou 277200 no leilão.
O que disse a diretora de vendas de arte digital da Christie’s sobre a exposição?
Nicole Sales Giles, vice-presidente e diretora de vendas de arte digital da Christie’s, afirmou que o sucesso da exposição “confirmou” a valorização das “vozes criativas” que estão expandindo os limites da arte. Ela destacou também o impacto positivo que a inteligência artificial pode ter na criação artística.
Quais são as preocupações dos artistas em relação ao uso de inteligência artificial na arte?
Os artistas temem que a utilização de suas obras para treinar modelos de IA possa desvalorizar suas criações e afetar as vendas no mercado de arte tradicional. Eles argumentam que isso pode criar um ambiente competitivo desfavorável para os artistas humanos.
Como a Christie’s e outras instituições devem lidar com as preocupações dos artistas?
As instituições do setor, como a Christie’s, precisarão encontrar maneiras de equilibrar as inovações tecnológicas com as preocupações legítimas dos artistas. O diálogo contínuo sobre ética e direitos autorais é essencial para garantir que a arte continue a prosperar nesse novo cenário.
O que afirmam os artistas sobre o uso de suas obras protegidas?
Na carta aberta, os artistas argumentaram que a Christie’s está promovendo obras feitas por modelos de inteligência artificial que foram treinados com trabalhos protegidos por direitos autorais. Eles crêem que isso é uma forma de exploração, pois suas criações foram utilizadas sem autorização para produzir novos produtos que competem no mercado.
Quais são as implicações da controvérsia sobre a exposição da Christie’s?
A controvérsia suscitada pela exposição destaca questões importantes sobre direitos autorais e o uso ético da inteligência artificial na arte. Uma discussão equilibrada é crucial para entender como a tecnologia pode coexistir com os direitos dos artistas e não desvalorizar seu trabalho.
Qual o impacto da tecnologia na criação artística, segundo os defensores?
A vice-presidente da Christie’s, Nicole Sales Giles, vê a inteligência artificial como uma ferramenta que pode expandir os limites da arte. Ela acredita que o uso dessa tecnologia pode permitir a exploração de novas formas criativas, enriquecendo o ambiente artístico como um todo.
Quais são os riscos associados ao uso de inteligência artificial na arte?
Os riscos incluem a desvalorização do trabalho humano e a competição desleal no mercado de arte. A utilização de obras de artistas para treinar modelos de IA, sem a autorização adequada, pode diminuir o valor das criações originais e ameaçar a sustentabilidade do mercado tradicional.
Como o debate sobre inovação e direitos do artista pode moldar o futuro da arte?
O futuro das relações entre arte, criatividade e tecnologia dependerá da continuidade das discussões em torno de utilização ética da inteligência artificial. É vital que artistas, instituições e tecnólogos trabalhem juntos para encontrar soluções que protejam tanto a inovação quanto os direitos dos criadores humanamente ao longo desse processo.
Com informações: TechCrunch
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